sábado, setembro 15, 2007

O Brasil como Campo da Guerra Irregular Moderna


O livro do Professor Alemão Friedrich August Von der Heydte, "Guerra Irregular Moderna" , escrito nos anos 60 e publicado em 1972, na então República Federal da Alemanha, relata com 35 anos de antecedência, o que foi realizado no Brasil nos dias 22/23 Maio, e sua a preparação nas semanas anteriores.

Até o fim do dia 23 de Maio eram contabilizadas ações em 16 estados do território nacional, todas sem exceção mostrando uma predisposição para atos violentos, com a clara intenção de confronto com os órgãos de segurança.

As ações realizadas nestes dias foram a preparação de um 11 de Setembro nacional, que esteve perto acontecer. O nível de organização, mobilização de recursos e coordenação, que cobriu todo o território nacional e requerem uma análise mais profunda.

Não só relevante pelas ações empreendidas e o nível de violência empregada pelos membros dos grupos irregulares operando sob a cobertura de: partidos políticos, sindicatos, entidades estudantis. Movimentos sociais e outras organizações de frente.

A mobilização para o evento de teve a grande participação de órgãos federais, pela omissão, cuja exata missão era de garantir a ordem e prevenir estas ações. Assim a Polícia Rodoviária Federal executou, no dia 22, extensas operações "padrão", cujo resultado prático foi congestionamentos em inúmeras rodovias do país. A Polícia Federal estava em estratégica greve reivindicatória, de 72 horas, exatamente no período das ações irregulares.

A invasão e posse da usina Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, por grupos irregulares, por quase 48 horas, é esclarecedora nas ações, omissões e postura do governo federal e da Presidência da República .

Cabe uma explicação ao risco de um 11 de Setembro que o Brasil correu.
Sistema Interligado Nacional
Com tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito mundial, o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é um sistema hidrotérmico de grande porte, com forte predominância de usinas hidrelétricas e com múltiplos proprietários. O Sistema Interligado Nacional é formado pelas empresas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte. Apenas 3,4% da capacidade de produção de eletricidade do país encontra-se fora do SIN, em pequenos sistemas isolados localizados principalmente na região amazônica .
Fonte Operador Nacional do Sistema Elétrico http://www.ons.org.br/
Sim, exatos 96,6 % da geração e transmissão de eletricidade estão dentro do sistema interligado. Se a usina de Tucuruí sofresse uma pane antes de o Operador Nacional do Sistema pudesse intervir e isolar a usina seria um Apagão Elétrico com cobertura nacional.

Os danos não podem ser mensurados em qualquer exercício de controle de crise que seja feito. A um só tempo estaríamos sem energia de Norte ao Sul, Leste e Oeste, com a interrupção de todos os serviços dependentes de energia, como a Internet que o leitor recebe este artigo em seu computador, metrôs, comunicações, etc.

Não é fora de propósito que outras ações, mais destrutivas, poderiam ter sido acionadas pelos invasores, que afetariam a rede interligada de forma mais profunda, impossibilitando a pronta retomada do serviço

Frente a isso a Presidência da República " autorizou o emprego do Exército com a clara mensagem de omissão no assunto. Ou a risível: Planalto envia emissários para conhecer as causas da invasão.

A postura de distanciamento olímpica do presidente Luiz Inácio nos coloca com duas hipóteses de análise:

1- As ações são um esforço de seu governo dentro de uma estratégia ainda não percebida pela sociedade, ou
2- As ações são um cerco ao seu governo e ao País.

As duas hipóteses levam a conclusões tão nefastas como o Apagão Aéreo perpetrado por ativistas fardados no dia 30 Março .

Cabe ao Presidente nos dizer se as ações, que incluem seus aliados, em primeiro momento, são realmente fruto de uma estratégia de governo. Caso contrário declare que está sob cerco e com cada vez menor capacidade de governar.

Não basta a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) e GSI (Gabinete de Segurança Institucional) pesquisar sobre quem escreve e analisa os eventos, mas sim dar uma clara posição do que está acontecendo e que está por trás à sociedade.

Nelson During

LULA E A ESTRATÉGIA DO 3º MANDATO



Parece incrível, mas muita gente inteligente, inclusive de oposição a esse governo, duvida que Lula e o PT articulam-se para tentar aprovar uma mudança na Constituição permitindo ao atual ocupante do trono presidencial permanecer no poder por um terceiro mandato, ou ad eternum, se possível. E, o pior, quando confessam sua ingenuidade, usam as declarações de Lula como testemunho de sua fé no espírito democrático do capo di tutti capi do petismo.Outro argumento para contestar meu ponto de vista é o de que a liberação do direito à reeleição eterna necessitaria de 2/3 todos votos em duas votações na Câmara e no Senado, e, pelo menos no Senado, a medida não passaria.Aliás, sintomática e oportuna a defesa enfática que o presidente do PT, Ricardo Berzoini, fez da extinção do Senado. Por que será?Pois, mesmo assim, mantenho minha posição de que Lula quer o poder eterno e, se avaliar que a estratégia em curso funciona, haverá uma tentativa de concretizá-la, tudo indica, a partir do final de 2009.O que dá direito aos petistas sonharem com a boquinha eterna? A popularidade de Lula, que perdurará enquanto a economia mantiver-se nos atuais indicadores e enquanto o governo social-patrimonialista mantiver e seguir ampliando a clientela do bolsa esmola, agora engordado pelo ingresso de mais alguns milhares de eleitores de baixa renda da faixa etária entre 16 e 18 anos, aos quais se somam os beneficiários do Pro-Uni. Se a propaganda eleitoral de Lula não mentiu, no final de 2006 o programa de distribuição de dinheiro fácil aos pobres beneficiava onze milhões e cem mil famílias. A uma média de 3 eleitores por família temos aí um formidável contingente de trinta e três milhões e trezentos mil votantes em Lula na eleição passada. Ou seja, com o novo contingente Lula agregará mais alguns milhões de votos dos seus apadrinhados àqueles que arrebanhou na última eleição, inclusive no ninho tucano.O avanço sobre as bases eleitorais das oligarquias nordestinas é parte da estratégia, pois Lula não quer apenas ficar no trono, ele quer o poder de fato e para sempre. Com o bolsa esmola, então, Lula roubou as bases eleitorais do PFL, derrotou ACM na Bahia, Sarney no Maranhão e sabe-se lá quem mais. Roubados os eleitores, o próximo passo é liquidar com os oligarcas remanescentes. Como? Usando os grampos da polícia política do comissário Genro para enredar seus aliados de ocasião em escândalos de corrupção. Mas Lula mandou salvar Renan, me dirão os incrédulos!Sim. Dissimular faz parte do jogo. E Renan estropiado e devendo a vida a Lula, mas ajudando, com sua presença cadavérica impune no parlamento, a matar a democracia, também servem. Afinal, comprar essa gente toda dá trabalho e expõe o PT a riscos. E, é claro, consome o dinheiro cujo destino poderia ser apenas os bolsos da companheirada.Assim, o próximo candidato à guilhotina é o sucessor de Renan Calheiros na presidência do Senado, desde que não seja um petista, é claro. Sarney que se cuide. Na cadeira de Renan ou fora dela, ele é próximo da fila.Ah! Agora entendi me dirão os incrédulos na gula de Lula e seus discípulos. Você acha que desmoralizando o Congresso Lula aprova uma emenda constitucional que libera a reeleição eterna?Não. A única emenda constitucional que Lula quer aprovar no Congresso é a nova CPMF.A autorização para reeleger-se eternamente Lula obterá com um decreto legislativo, para aprovação do qual basta a obtenção de maioria simples, isto é, mais de 50% dos presentes à sessão da votação da convocação de um plebiscito para emendar a Constituição, como aqueles que Hugo Chávez e outros ditadores costumam fazer para maquiar suas pretensões autoritárias. Mantida a popularidade atual de Lula, a clientela do bolsa esmola e agregados, o apoio dos bancos e a incompetência congênita da oposição, Lula fará desse plebiscito uma prévia de 2010, pré-elegendo-se no plebiscito de 2009 e homologando seu novo mandato no ano seguinte.Anote aí. Quando isso acontecer, não sobrará tucano sobre tucano para contar a história. Sequer poleiro para a oposição restará. O que sobrar do parlamento servirá para a mesma coisa que servem plebiscitos patrocinados por ditadores sem a oposição que merecem: para homologar as decisões do Imperador do Brasil. Logo em seguida veremos Lula ultrapassar Chávez pela esquerda, convocando: "Proletários e banqueiros do mundo, uni-vos" pois, como disse Marx no Manifesto Comunista, "vocês nada tem a perder senão os seus grilhões". No caso presente, Lula estará se referindo aos benditos grilhões da democracia, que, quando sólidos, contêm o apetite insaciável dos tiranos.

por Paulo Moura, cientista político