quinta-feira, outubro 09, 2008

Perguntem ao Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu baixar o tom das bravatas e admitir que a crise financeira internacional pode afetar a economia brasileira. Durante semanas, ele se recusou a falar seriamente sobre o assunto. “Pergunte ao Bush” era sua resposta-padrão quando repórteres tentavam incluir o tema numa entrevista. O governo brasileiro parece ter descoberto, afinal, que a turbulência é problema também para o Brasil, embora tenha sido causada pela especulação imobiliária americana. Reconhecido o fato, ministros e altos funcionários federais prometeram medidas para atenuar a escassez de crédito e garantir financiamento à agricultura, à exportação e aos programas apoiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O reconhecimento do problema é um dado positivo, mas falta explicar de onde sairá o dinheiro para reforçar o crédito e quais serão as prioridades oficiais. Para facilitar os empréstimos ao campo, indispensáveis, neste momento, para o plantio da safra de verão, o Banco Central (BC) pode liberar parte dos depósitos compulsórios mantidos pelo setor financeiro. É, aparentemente, a solução mais simples e mais compatível com a política monetária em vigor.
Mas a concessão de novos empréstimos tem sido emperrada, em muitos casos, pela renegociação das dívidas de agricultores. Sem a intermediação do ministro da Agricultura e das autoridades monetárias, o impasse poderá prolongar-se. O governo precisa avaliar esse quadro e resolver se vale a pena intervir e até que ponto.
A escassez de crédito para o plantio é especialmente grave porque os agricultores dispõem de um prazo muito breve para comprar insumos, preparar o solo e semear as lavouras planejadas. Não se pode negociar com a natureza. Passada a fase mais adequada para plantar, a atividade se torna altamente arriscada. Neste momento, falta dinheiro até para produtores de peso. Há informações de que bancos internacionais têm cancelado empréstimos já aprovados para grandes plantadores e exportadores. Estes serão forçados a disputar recursos fornecidos por outras fontes, como os bancos oficiais.
O financiamento à exportação também tem secado rapidamente. Entre 15 e 26 de setembro, a média diária dos Adiantamentos de Contratos de Câmbio (ACCs) ficou em US$ 164,9 milhões, segundo informação divulgada ontem pelo BC. Esse valor é 51,77% menor que a média verificada entre os dias 1º e 12 do mesmo mês. No pior dia de setembro, 22, os contratos fechados totalizaram apenas US$ 117 milhões.
Novas medidas para socorrer os exportadores serão apresentadas ao presidente Lula até o fim da próxima semana, segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. Ele não revelou as medidas em estudo, limitando-se a dizer que será necessário usar criatividade. Poderia ter acrescentado: além de criatividade, será necessária muita prudência, para não se aumentar perigosamente a dívida pública e não se comprometer ainda mais a solidez fiscal. Com menor expansão econômica, a arrecadação crescerá provavelmente menos que nos últimos anos e será mais difícil continuar reduzindo a proporção da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).
O financiamento à exportação e o crédito para plantio são em grande parte problemas superpostos. Mais uma boa safra no próximo ano será importante não só para garantir um abastecimento tranqüilo do mercado interno, mas também para sustentar a receita do comércio exterior. Uma safra ruim tornará mais difícil o controle da inflação e ao mesmo tempo enfraquecerá as contas externas. O apoio às exportações industriais também será extraordinariamente importante, porque se esperam condições bem menos favoráveis no mercado internacional.
O presidente Lula tem recomendado que não falte dinheiro para os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). De fato, não têm faltado recursos. Os projetos não avançam por deficiências administrativas, não financeiras. Diante da atual crise, o presidente deveria preocupar-se prioritariamente com o financiamento às atividades do agronegócio e da exportação. Serão muito mais importantes para a travessia de uma fase difícil do que quaisquer esforços para desemperrar o PAC. É uma simples questão de realismo.

Você se lembra do Alexis Stepanenko?

Foi Ministro das Minas e Energia do Presidente Itamar Franco.
Veja a carta abaixo:

Caro Itamar Franco,
Tenho que tirar o chapéu para a capacidade do Presidente Lula em criar novidades sobre as coisas antigas.
Quando eu era o Ministro de Minas e Energia em seu Governo, a Petrobras já sabia da existência destas reservas que iam de Santos a Santa Catarina. O problema é que estão a mais de 2500m de profundidade e, hoje, foi comprovado que se encontram a mais de 3200m.
Qual era o problema?
Em 1993, não havia (nem hoje há), tecnologia para se chegar a essa profundidade. Apenas no ano passado conseguimos chegar a 2000m, a uma pressão dágua bárbara.
Comentei contigo que tínhamos reservas, mas não tecnologia para chegar lá, mas o CE MP ES estava trabalhando para conseguir perfurar a essa profundidade.
Segundo os geólogos da Petrobras, nas priscas eras, os continentes da América do Sul e da África se separaram.
Nesta separação a costa ocidental da África (Nigéria, Angola, Guiné etc.) ficou com o petróleo mais perto da superfície e nós em águas profundas. Contudo, um dia chegaríamos a retirar petróleo destas nossas águas e o País seria independente.
Pois bem, ontem a Dilma anunciou essa 'grande descoberta', prevista para produzir petróleo daqui a 8 anos!
Essa profundidade, que nunca foi alcançada por ninguém, apresenta enormes desafios de engenharia para resolver a pressão dágua, a resistência de materiais, sondas adequadas etc. A engenharia da Petrobras tem trabalhado nestes problemas, mas não encontrou ainda todas as soluções. Contudo acho que estão prevendo que em 2015 terão desenvolvido e dominado a tecnologia para essa profundidade. Hoje, a Petrobrás não tem.
Estima-se que este petróleo deve ter um API de menos de 30°, talvez 25°. O que é isso? Petróleo muito pesado, parecido com o da Venezuela, mais custoso de refinar, pois rende 20% de combustíveis de cada barril extraído.
O custo médio atual no Brasil, desse petróleo, para a Petrobras deve estar por volta de US$12 a 13,00. O petróleo leve, como o encontrado no Oriente Médio, rende 50% de combustíveis e custa talvez US$1 a 2,00 o barril.
Onde se vê como é um negócio de grandes lucros movido por uma especulação desenfreada na economia globalizada.
Claro que ao preço do barril de petróleo a US$93 a 96,00 vale a pena extrair óleo até das areias de xisto como fazem agora os canadenses. A mídia e o povo com essa 'descoberta' estão euforicamente enganados.
Nem se fala mais no problema do gás
. O Sauer, que era o Diretor de Gás da Petrobras, nunca gostou de gás por ser um especialista em hidroelétricas...
Em nossa época, tivemos o pudor de não anunciar algo que era impossível de extrair, da mesma forma que nunca falamos dos 2.000 pontos de ouro na superfície que poderiam ser encontrados na Amazônia etc. e tal. Questão de pudor e de seguir a sua orientação de não chutar a torto e a direita para não criar falsas esperanças e especulações nas bolsas de valores.
Não creio que os técnicos da Petrobras quisessem divulgar a 'descoberta'.
Devem ter sido pressionados para dar uma noticia que acabasse com a 'crise do gás'.
E assim vamos, no vai da valsa...

Abraços,

Alexis Stepanenko

Observação: O cara deve estar enganado quanto ao tipo de petróleo, porque o que foi encontrado é o tipo LEVE, do contrário provàvelmente não seria viável economicamente, por razões que êle mesmo explicou.
Sôbre criar coisas novas para antigas, ah êle só faz isso, afinal nunca ninguém nesse país...criou tanto!!!